terça-feira, 7 de julho de 2009

A sonhadora

A sonhadora

Foto por Renan Balatori

Duas garrafas de vinho, uma pilha de latinhas de cerveja, dois maços de mentolados e a mente aberta a ponto de caber todo o céu, e a lua, as estrelas... O universo todo em mente, e ao mesmo tempo nada, era exatamente assim que ele se sentia, viajando por entre o tudo e o nada, caminhando na tênue linha que dividia o sonho da realidade.

Sentado de qualquer jeito na calçada, observando a vida passar ao seu redor, ele era exatamente assim. Barba por fazer, cabelos despenteados, cigarro entre os dedos, calças velhas e um tênis surrado, e os amigos pra conversar. Tinha o mundo todo ali ao seu redor, e não precisava de mais nada.

Foi quando a avistou, ali tão perto e tão longe, olhando a lua, sonhadora.

E amou-a, cada pedacinho dela, apaixonou-se pelo olhar distante dela em direção a lua, pelo sentimento que despertava nele.

Acendeu outro mentolado, e tragou devagarzinho, sem tirar um só instante os olhos daquela visão perfeita. E então se deu conta de que precisava eternizar aquilo, que não suportaria a idéia de esquecer um só detalhe que fosse daquela visão divina.

Era isso, ela era sua deusa, admirando a lua, ali pertinho dele. Dando sentido a noite toda, preenchendo o coração dele, a mente.

Tirou o celular do bolso, e eternizou-a, a fez real, viva, naquele exato instante ela deixou de ser apenas um pedaço de papel, uma mera propaganda em outdoor pra tornar o reflexo do sonhador que vivia no coração dele. Ela era ele, e ele era ela.




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